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Pesquisas recentes apontaram queda nos atendimentos odontológicos durante o período de isolamento em virtude da pandemia de Coronavírus. Os estudos revelam ainda que, nos últimos meses, as queixas de problemas bucais aumentaram consideravelmente. Em entrevista ao quadro “Bate-Papo com o Dentista”, a Dra Rayane Magnol explica os reflexos desse cenário e destaca a importância da manutenção dos cuidados com a saúde bucal, especialmente pela Periodontite representar fator de risco para agravamento da Covid-19.
Em sua opinião, qual é o principal desafio para os profissionais da Odontologia nesse período de pandemia?
Conseguir equilibrar o cuidado com a biossegurança do consultório e os cuidados que devemos ter em casa. Pois enfrentamos um inimigo que fica presente no ar e nas gotículas de água e saliva que se encontram presentes em cada atendimento odontológico.
Algumas pesquisas apontaram queda nos atendimentos durante o período de isolamento. Em seguida, verificamos um aumento considerável nos relatos de problemas bucais. Quais são os riscos de deixar a saúde bucal em "segundo plano"?
Afirmo que a saúde do corpo começa pela boca. Deixar os cuidados bucais em segundo plano pode desencadear problemas maiores, como infecções cardíacas, infecções neurológicas, problemas sistêmicos, além de influenciar na gestação.
Como a saúde bucal está interligada à saúde como um todo?
As bactérias que estão presentes na cavidade oral apresentam grande potencial para desenvolver diversas infecções graves, uma vez que essa inflamação acontece nos tecidos de suporte dentário (dentes, gengiva e osso), bem como procedimentos odontológicos (extrações dentárias), apresentando alto risco de infecção, caso não manipulado de forma apropriada.
Microrganismos orais podem adentrar à corrente sanguínea e causar diversas complicações, como a endocardite bacteriana, que se caracteriza como uma grave infecção no coração, atingindo em sua grande maioria pacientes portadores de válvulas ou próteses cardíacas.
Os pacientes devem adiar a visita periódica ao dentista?
Não, já que a demora em ir ao dentista pode piorar o quadro do paciente. A cultura do brasileiro é buscar ajuda profissional apenas quando é acometido por alguma dor. E no momento em que há dor o problema já está em uma proporção muito maior. Por esse motivo, a prevenção é o melhor caminho!
O ideal é ir ao dentista de seis em seis meses ou pelo menos uma vez ao ano, evitando infecções ou problemas de maior proporção no futuro.
Durante o período de pandemia muitos pacientes relataram o medo de ir ao dentista, por causa do contagio. Sugiro procurar um consultório odontológico que segue todas as regras do Ministério da Saúde e proporcione a devida segurança. No meu consultório, seguimos estreitamente todas as regras de biossegurança, além de sermos certificados no protocolo de manejo clinico do Coronavírus, que é feito pelo Ministério da Saúde, através do Conselho Federal de Odontologia.
Um estudo realizado por pesquisadores do Catar revelou que a presença de periodontite em pessoas acometidas pela Covid-19 aumenta as chances de morte e agravamento da doença. Isso pode indicar que, além do risco do adiamento no tratamento, as doenças bucais representam um risco de piora nos quadros de pessoas que testaram positivo para o novo Coronavírus. Qual é o papel do dentista na conscientização da população?
O paciente que por um longo tempo não teve a higiene oral adequada possui a doença periodontal, o que ocasiona o acúmulo de bactéria nos dentes, osso e gengivas, causando os seguintes sintomas: sangramento ao escovar os dentes ou usar o fio dental, mau hálito, vermelhidão e inchaço na gengiva, amolecimento e queda dos dentes, aumento da sensibilidade, dor intensa, presença de pus nas gengivas e alteração do paladar.
A periodontite é um fator de risco para o agravamento da Covid, uma vez que pacientes que estão em tratamento nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) apresentam colonização de bactérias na orofaringe, que são capazes de desenvolver um quadro grave de pneumonia quando associadas a ventilação mecânica ou a intubação.
Por essa razão há a necessidade de ter um dentista no ambiente hospitalar, diminuindo assim o índice de problemas respiratórios devido a bactérias orais.
Fica o alerta! O paciente que possui sua saúde bucal em dia tem menor chance de ter algum agravamento do seu quadro, seja qual for. Por isso, o paciente deve procurar um dentista periodontista aos primeiros sintomas da periodontite.
Por outro lado, algumas evidências apontam que ingredientes de alguns produtos de higiene bucal podem ser altamente eficazes no combate à Covid-19. Apesar de serem estudos preliminares, manter uma boa higiene bucal só melhora a saúde e o bem estar. Como deve ser a higiene bucal no dia a dia? Alguma prática deve ser intensificada ou incluída? Existem hábitos e produtos que podem ser mais eficientes?
A melhor forma de manter a higiene bucal é através da prevenção. Porém, existem hábitos que contribuem de forma significativa para sua saúde bucal, como:
- Ir ao Dentista no mínimo uma vez ao ano;
- Solicitar ao dentista orientações corretas de escovação;
- Fazer a higiene oral utilizando fio dental, creme dental com flúor e escova de cerdas macias;
- Trocar de escova de três em três meses ou após acontecimentos de gripe, resfriados ou dor de garganta, porque os vírus e bactérias se alojam nas cerdas.
Serviço
Dra Rayane Magnol - CRO 7290-ES
Especialista em Periodontia e Cirurgia Oral
Instagram: @ drarayanemagnol